CAPÍTULO I
Uma Nova Caçada
PARTE 1
- Acorde Sammy! Temos trabalho a fazer.
- Me deixe em paz Dean.
Dean puxou o cobertor, deixando o irmão seminu na cama. A chuva fina caia do lado de fora daquele motel de beira de estrada. O inverno ao norte dos EUA, normalmente era rigoroso. Felizmente, naqueles dias, nem tanto.
- Acorde! – Dean empurrou o irmão que quase caiu da cama.
- Pare com isso Dean. Já estou acordado. – falou irritado pegando de volta o cobertor e enrolando-se nele.
- Não sei o que deu em você. Nunca foi de dormir tanto. – reclamou Dean.
- Sem essa! Sabe que andei dormindo mal nas últimas semanas. Finalmente consegui uma boa noite de sono e você me acorda ainda de madrugada. – olhou emburrado para o irmão.
- Bobby ligou. Tem uma mensagem de nosso pai. Parece algo importante. – sentou-se na cama calçando seus sapatos.
- Por que ele mesmo não nos ligou? Odeio quando ele faz isso! – Sam largou o cobertor e foi para o banheiro.
- Até parece que não conhece John Winchester. – Dean riu colocando o casaco.
- Aonde vai? – perguntou Sam escovando os dentes.
- Buscar o café da manhã. – anunciou Dean com um sorriso de animação.
- Ótimo! Sempre preocupado com seu estômago. – resmungou Sam, encostando a porta do banheiro e indo tomar uma ducha quente.
Dean voltava da lanchonete localizada do outro lado da estrada. Podia-se dizer que o lugar era uma espécie de parada para viajantes. Um motel simplório com poucos quartos disponíveis, uma máquina de gelo do lado de fora e a lanchonete, onde Dean pegou dois cafés expressos e um sanduíche de presunto com queijo.
Pagou pelo lanche, enfiou o sanduíche na boca e atravessou a estrada com os dois copos descartáveis em ambas as mãos. Já alcançava o quarto de número treze, quando ouviu um grito e uma mulher sair correndo da recepção do motel.
Dean ficou parado olhando a moça correr em sua direção. Sam abriu a porta do quarto repentinamente.
- O que está acontecendo? – perguntou olhando o irmão.
Dean empurrou um dos copos de café para Sam, retirando o sanduíche da boca.
- Vamos descobrir. – falou com a boca cheia olhando debochado para Sam.
- Dean! – Sam passou a mão no rosto, respirando fundo.
- Tem um homem morto lá! – a moça se jogou em cima de Dean, abraçando-o apavorada.
- Calma. – sorriu maliciosamente para a morena, abraçando-a sem jeito por causa do sanduíche e do café que quase caiu quando ela se jogou sobre ele.
- Como você sabe que ele está morto? – perguntou Sam olhando fixo para a moça.
- Ele está por todo o lado! – a garota agitou-se ainda mais nos braços de Dean.
- Ok! Vamos dar uma olhada, fique aqui. – pediu Sam segurando a morena pelos ombros.
Ela acalmou-se, soltando-se de Dean. Ele deu outra mordida no sanduíche e olhou para Sam fazendo sinal para irem verificar. Caminharam até a recepção, ambos olhavam espantados o lugar.
- Ela não brincou quando disse que ele estava por todo lugar. – comentou Dean mastigando o sanduíche.
- Dá para parar! – reclamou Sam apontando o sanduíche.
- O quê? – Dean olhou o sanduíche e engoliu o último pedaço. – Satisfeito!
Sam passou para o outro lado do balcão, verificando o tronco do homem jogado no chão. Dean olhava o sangue nas paredes, pedaços de dedos e um dos pés em cima de uma cadeira de plástico.
- O que acha? – perguntou Dean.
- Lobisomen! – Sam apontou na direção do peito rasgado da vítima.
- Sem chance! Qual é! – Dean arqueou as sobrancelhas.
- Isso não é bom. – suspirou Sam.
- Odeio essas coisas! – Dean abaixou-se olhando o buraco no que restava inteiro do corpo do homem.
- Sem coração. Só pode ser lobisomen. – Sam levantou apoiando os quadris com as mãos.
- Sam, não há tempo para isso. Amanhã é a última noite de lua cheia.
- Dean, não podemos ir sem resolvermos isso. Vamos ficar.
- Pode ser qualquer um, ok! Até alguém como nós, apenas de passagem.
- Não custa verificar as pessoas que moram por aqui. Vamos lá Dean! Papai pode esperar. – Sam olhou implorativo para Dean.
- Tudo bem! Mas partimos logo que amanhecer. – intimou.
- Sem problemas. – Sam concordou, saindo da recepção.
A moça veio até os irmãos, ainda trêmula. Dean olhou para Sam e ambos para a morena.
- Onde estava antes de encontrar o corpo? – começou Sam.
- Acabava de chegar. Ia pedir um quarto. – ela olhava fixamente para a porta da recepção.
- Você não conhece ninguém por aqui? – continuou.
- N-não. – ela olhou em dúvida para Sam.
- Tudo bem. Então, você... – Dean segurou a moça pelo cotovelo, saindo de perto do irmão. Alguns metros adiante, ele passou a mão nos cabelos negros dela e voltou com um sorriso safado nos lábios.
- O que foi aquilo? – perguntou Sam.
- Ela mora há alguns quilômetros daqui. Disse sempre vir aqui encontrar o namorado. Ela não ia pedir um quarto e sim perguntar em que quarto o rapaz estava. – Dean passou pelo irmão indo para a recepção.
- Não acredito que conseguiu isso dela tão fácil! – disse incrédulo.
- Charme Sam! Algo que você ainda tem que aprender. – olhou vitorioso para Sam, já no balcão folheando o caderno de registro. – Quarto seis!
- Marcus? – Dean bateu na porta do quarto. – Marcus, você está aí? – bateu mais forte.
Diante do silêncio, os irmãos se entreolharam, Dean foi até o Impala, abriu o porta-malas, pegou uma espingarda e jogou uma pistola para Sam. Ambos ficaram de frente à porta, contaram até três, Dean chutou a porta que se abriu violentamente.
Um silêncio mórbido pairou assim que cessou o estrondo que a porta fez ao bater na parede. Lá dentro, escuridão e um cheiro de podridão.
- Acho que encontramos nosso cachorro. – brincou Dean sussurrando.
Sam torceu os lábios com o comentário, fez sinal para que entrassem. Dean apertou o interruptor do quarto, porém em vão. Sam alcançou o banheiro, tentou também o interruptor. A luz acendeu fraca e falhando. Verificou a banheira, puxando a cortina de uma só vez.
- Dean! Venha ver isso. – chamou enquanto encarava o conteúdo na banheira.
- Ah merda! – Dean fez um gesto de quem iria devolver o sanduíche que acabara de comer.
Saíram do quarto e a morena foi até eles.
- O que aconteceu? – perguntou assustada ao ver a expressão nos olhos dos dois.
- Como era seu namorado? – perguntou Dean.
- Como assim era? – ela olhou para os dois que não responderam. Diante do breve silêncio ela correu em direção ao quarto. Dean e Sam tentaram impedi-la, mas só a alcançaram quando ela recomeçou a gritar, já diante da banheira.
- Não saiam da cidade até tudo ser esclarecido. – ordenou o xerife.
- Claro. – suspirou Dean fazendo careta.
Sam acompanhava os policiais recolherem os pedaços dos corpos. Assim como o recepcionista, Marcus também fora esquartejado. A diferença era que Marcus estava nu o que fazia os irmãos Winchester acreditarem que ele era um lobisomen.
- O que mataria um lobisomen daquela forma? – perguntou Sam quando Dean ficou ao seu lado.
- Outro lobisomen... acho! – Dean balançou a cabeça.
- Exato! Agora dois lobisomens no mesmo lugar. Isso não é coincidência. E se o Marcus foi morto por um, então... – Sam olhou para Dean.
- O outro é fêmea? – concluiu ainda em dúvida.
- Vamos caçar! – Sam sorriu animado.
***
Continua...